Intrigante mensurar os parâmetros da morte. Estaria ela vinculada somente aos horizontes biológicos?
Não sei. Talvez. Mas sinto que minhas palavras possuem legítima vida.
São geradas por um tempo, depois maduras, se jogam no ar como pássaros livres no mundo e um dia se vão, esvaem-se, nem que seja a pé do ouvido mais próximo.
Porém trato-as tão delicadamente. Enfeito-as, acarinho-as, coloco-as para dormir, por vezes elas sentem medo de ficarem sós. E se por acaso apaixonarem-se deixo-as ir, correndo, felizes pelo campo, pois sabem que sempre ao final da tarde, estarei ao pé da porta á espera de resposta.
Mas ás vezes elas não voltam..
Hoje, esperei um minuto a mais antes de trancar a porta. Foi quando vi, ao longe, um homem, caminhando como quem traz chumbos nos pés, trazia minhas meninas no colo, que já não mais viviam.
Falecem todas as minhas palavras para ti...
Intrigante. Não entristeci. E olha, tratei de fazer um belo jardim com elas e um velório digno de sua memória em vida. Agora descansam merecidamente, pois fato, que estavam elas todas tão velhinhas...
Cansadas de tanto esperar.
Falecem hoje palavras.
Jazem pensamentos.
Um dia movimentos.
Porém, nascem descendentes felizes, geradas no mais belo jardim, onde dorme a memória viva que um dia foi dita.
É lindo o poder que as palavras tem de sintetizar mistérios em um sentido.
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