segunda-feira, 26 de julho de 2010

Moinhos de vento


Poemas,Contos,Poesias..Palavras.
Uma ligação do homem e a alma.
É preciso sensibilidade,mas sobretudo coragem. Coragem para transgredir,liberta-se.
Quanto mais leio,mais admiro esses homens que literalmente escreveram sua história, e também contribuíram para história de uma nação.
Suas reflexões serviram para libertar mentes. Suas subjetividades objetivaram-se no cotidiano de milhares de pessoas.
E continuam tremendo corações,inspirando grande paixões. Passando de gerações para gerações.
Ah! Como é lindo!
Que nasçam mais Andrades,e que sejam tão loucos quanto Linspector,tão apaixonados como Vinicius,tão leves como Quintana.
Que se inspirem dentre outros tantos inúmeros singulares.
E vibrem a beleza do ser.
Porque a poesia, está nos olhos de quem lê.


Se eu fosse um padre

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana

O poeta está vivo

Baby, compra o jornal
e vem ver o sol
Ele continua a brilhar,
apesar de tanta barbaridade

Baby escuta o galo cantar,
a aurora de nossos tempos
Não é hora de chorar,
amanheceu o pensamento

O poeta está vivo, com seus moinhos de vento
A impulsionar a grande roda da história

Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo
Com seus moinhos de ventos

Se você não pode ser forte,
seja pelo menos humana
Quando o papa e seu rebanho chegar,
não tenha pena

Todo mundo é parecido, quando sente dor
Mas nu e só ao meio dia, só quem está pronto pro amor

O poeta não morreu,
foi ao inferno e voltou
Conheceu os jardins do Éden
e nos contou

Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo
Com seus moinhos de ventos

Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo
Com seus moinhos de vento


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Beija-flor




Por esses dias,bem de manhãzinha, estava no centro de Niterói, cercada por prédios (selva de pedra), e uma coisa chamou muito minha atenção..
Era um beija-flor solitário,verde escuro,lindo! Sentada fiquei a observá-lo durante um tempo. Ele voava..voava.. e pousava nos fios dos postes, parecia um tanto perdido.
Nossa,como apesar de tão lindo,ele não combinava nem um pouco com aquele lugar! Mas claro,ali não era o seu lugar!
Pensei comigo: Será que fatos como este vão tornar-se cada vez mais frequentes? Uma beleza delicada,natural,contrastada ao concreto,buzinas e fumaças?
Bom,espero que não.

Pisquei.
Quando abri os olhos,não estava mais lá.


Tudo isto me lembrou muito o grande poeta Manoel de Barros. E para estreiar a postagem...


O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.

Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos, como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.

Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.


Manoel de Barros